sábado, 8 de março de 2014

Drowning Pool

Acampar nunca foi algo de que eu gostava de fazer, nem "glamping" eu achava legal, mas resolvi ir pois alguns grandes amigos iriam junto, e eu tentava me convencer de que por isso, seria um fim de semana animado.
 Embarcamos na sexta de manhã rumo ao interior da Irlanda, era novembro o que significava apenas uma coisa: Frio, MUITO frio. E a verdade é que iamos à um Glamping mesmo, e o mais estranho de tudo é que o tio do Kevin, um dos amigos chegados, havia morrido há pouco tempo e deixou a fazenda para o sobrinho. Ao chegarmos a então fazendo nos deparamos com a piscina cercada por arame farpado e a enorme placa que dizia "Perigo" claro que ficamos todos assustados, mas respiramos fundo e fomos conhecer o resto da propriedade. Não havia mais animais, o lago estava limpo, mas com limo nas bordas, e o interior da casa grande, paredes verdes lotadas de fotos, chão de madeira que rangia assustadoramente, e a enorme escada que dava acesso aos quartos, tudo um tanto macabro.
Deixamos as malas nos respectivos quartos e fiquei feliz por dividir o quarto com Simon e Kevin, já que aquele lugar era assustador.  Os rapazes queriam reabrir a piscina, mesmo sendo novembro e mesmo naquele baita frio. Eles passaram o dia tirando os arames, a placa e limpando a piscina, e a noite ligaram a bomba de água. Naquela mesma noite fizemos uma fogueira e sentamos em volta dela, riamos muito quando ouvimos um barulho estranho vindo do antigo celeiro, claro que pensamos que fosse algum bicho, ou sei lá o que era, o barulho não parava e ficava cada vez mais forte, fomos então obrigados a ir ver o que era. Kevin foi na frente e entrou no celeiro, ficamos do lado de fora com os corações pulsando forte. Muito tempo já havia passado e nada dele voltar, Simon respirou fundo e entrou no celeiro, embora tivessemos insistido MUITO para que não o fizesse, mas tudo em vão. Mas para nossa imensa felicidade, Simon voltou, porém transparente, suado e ensanguentado, olhavamos para ele extremamente assustados, ele estava em estado de choque e não conseguia dizer nada. Quando perguntei se o Kevin estava lá ele me olhou com a boca tremendo e começou a chorar de modo desesperado, um dos rapazes o levou para dentro de casa para o acalmar. Fiquei ali fora olhando pro celeiro com os olhos arregalados, não demorou muito e entrei na casa, torcendo para que o Kevin estivesse bem. Quando entrei na cozinha me deparei com Simon sentado na bancada olhando pro chão, cheguei perto dele e ele se virou assustado, peguei uma cadeira e sentei de frente pra ele na tentativa de arrancar algo dele, e consegui, mas o que consegui serviu apenas para me deixar em pânico e congelar mais ainda meu sangue: Os rapazes foram avisados pelos vizinhos que um maníaco havia escapado da cadeia local e que estava atacando os moradores daquela região. Engraçado que, ninguém nunca me conta nada. E que ele estava dentro do celeiro e que provavelmente nunca mais veriamos o Kevin, ótimo aquilo foi o bastante para eu não dormir aquela noite. No outro dia levantamos atordoados e apavorados, não sabiamos se ainda tinhamos um maniaco no celeiro. Me agasalhei todo, peguei um facão que tinha na gaveta da cozinha e sai para ver se encontrava algo. Ao passar pela piscina notei que tinha algo nela, e quando cheguei perto minha única reação foi gritar e sair correndo, ERA O CORPO DO KEVIN BOIANDO NA PISCINA! Tiramos ele dali e em cima do corpo havia um bilhete escrito numa letra quase ilegível: "It's a drowning pool it can pull you deep down under". Estavámos chocados, horrorizados, devastados, Kevin era nosso melhor amigo, agora ali estava ele, pálido, gelado, molhado e com uma faca fincada no ponto de pressão do pescoço. Aquilo era um claro sinal de que deveriamos sair dali o mais rápido possível. Mas o que fazer com o pobre Kevin? Não podiamos deixar ele ali, também não podíamos enterrar, e o que dizer a família? 
Naquela noite trancamos a casa inteira, ninguém entrava e ninguém saía. Montamos guarda nas janelas principais. Enquanto eu vasculhava o sótão da casa naquela tarde encontrei um velho rifle e munição que eu torcia de coração que ainda estivesse boa. Me posicionei na janela principal do segundo andar, com vista para a macabra piscina. Simon subiu correndo e entrou no quarto dizendo quase sem fôlego que o maníaco se aproximava, pela mira do rifle consegui visualizá-lo e sem pensar duas vezes atirei e HEAD SHOT! O cara caiu no chão na hora, Simon e os rapazes sairam correndo ainda armados para ter certeza de que o maníaco estava morto mesmo, e do jardim de entrada fizeram um sinal pra mim de que sim, ele estava morto. Respirei aliviado e imediatamente liguei para a polícia, que veio imediatamente. Levamos aquela bronca fenomenal de que poderiamos ter morrido e blablabla, mas e o Kevin? Ele havia morrido. Dureza foi contar a família. voltamos para casa na manhã seguinte. Simon faz terapia 3 vezes por semana e eu vou me lembrar de nunca mais embarcar numa viagem para qualquer tipo de lugar no interior. Amo a Irlanda, mas esse fim de semana foi terrível.